Mario Perniola considera o espanto, a paixão por excelência: “É a que está mais distante do sentir político porque não aspira a nada, não é acompanhada por nenhuma modificação do coração ou do sangue, e gera até, por vezes, um estupor que paralisa o corpo, transformando-o numa espécie de estátua viva; (...) ela é afinal a (paixão) mais filosófica, porque nasce ao mesmo tempo do que é raro, excepcional, extraordinário, e da consciência da própria ignorância. O espanto, segundo Descartes, acompanha as outras paixões e aumenta-lhes a força: ainda que possa degenerar em mera curiosidade, é uma forma de sentir que é condição da aprendizagem e do saber” (PERNIOLA, 1993, pp. 92-93).